sábado, abril 09, 2011

O massacre em Realengo.

Um rapaz de 24 anos entrou na manhã desta quinta-feira dia 7 de Abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste do Rio), e disparou diversos tiros contra os alunos. Ao menos 12 crianças morreram. O atirador, baleado pela polícia, cometeu suicídio em seguida. Esse ato violento foi cometido contra ESTUDANTES SECUNDARISTAS indefesos que não imaginaram que em sua escola poderiam sofrer tal tipo de ação. Agora se fala em colocar detectores de metal e policiais na porta das escolas para revistar os estudantes na entrada, isso realmente é necessário?


A população precisa buscar novamente os valores que tem se perdido com o tempo, como a valorização da vida e porque não falarmos do desarmamento? O incidente que aconteceu em Realengo teria o mesmo efeito se o acesso a armas fosse restrito? É importante esse momento para refletirmos qual o papel da escola diante desses fatos. A violência é um problema social que está presente nas ações dentro das escolas, se manifesta de diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo. Isso não deveria acontecer, pois escola é lugar de formação da ética, da moral e de politização, sejam eles estudantes, professores ou demais funcionários.


A escola e a sociedade brasileira sentem o resultado de longos anos de descaso e não valorização dos professores e trabalhadores em educação, e de sua relação com a comunidade. A escola brasileira assiste passiva a uma verdadeira guerra velada onde os estudantes canalizam toda a sua repulsa ao sistema educacional decadente e a escola opressora na figura do professor. Sob a mesma medida os professores, que enfrentam longas jornadas e mal ganham o suficiente para o sustento de sua família, além de serem vítimas da violência, descarregam todas as suas frustrações e indignações nos estudantes. Essa situação conflituosa vem se aprofundando ano após ano, gerando uma visão distorcida da relação professor-estudante.


A sociedade já não se assusta mais com esses conflitos, somente situações extremas e trágicas como essa nos fazem voltar a debater a violência dentro e fora da escola, pois afinal o ambiente escolar é somente um reflexo da sociedade. Na verdade esse conflito entre professores e estudantes, não é a contradição fundamental, afinal ambos são vítimas da violência e da desvalorização da educação. Muito se diz sobre o combate à violência, porém, levando ao pé da letra, combater significa guerrear, bombardear, batalhar, o que não traz um conceito correto se combatê-la. As próprias instituições públicas utilizam desse conceito errôneo, princípio que deve ser o motivador para a falta de engajamento dessas ações. Nesse sentido só existirá solução definitiva com uma profunda reformulação da escola que considere a valorização dos trabalhadores em educação, a construção de um currículo inovador e atrativo aos estudantes e gestão democrática que propicie uma relação escola-comunidade saudável.


Isso tudo só será possível com um novo patamar de financiamento capaz de sustentar todas essas mudanças. Levar esse tema para a sala de aula desde as séries iniciais é uma forma de trabalhar com um tema controverso e presente em nossas vidas, tendo oportunidades momentos de reflexão que auxiliarão na transformação social. Mas em última instância essa transformação só acontecerá com investimento na educação, nos trabalhadores, na reformulação da escola e em uma verdadeira cultura de paz. A UBES e a UBE repudia qualquer tipo de violência principalmente quando envolvem nossos estudantes, reafirmamos a defesa de uma escola melhor que plante o conceito de solidariedade e de convivo sem violência.


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